A convicção de que os antibióticos são a cura para todos os males, não apenas pode influenciar indevidamente o diagnóstico médico, como também comprometer a decisão terapêutica, resultando em potenciais danos para o doente. É crucial destacar que o papel do médico é gerir a situação clínica com discernimento, enquanto a ideia enraizada de que os antibióticos são a resolução para todos os males precisa ser desmistificado. Muitas vezes, a melhoria após o uso de antibióticos ocorre em um contexto onde a recuperação teria ocorrido igualmente sem o seu emprego – uma realidade desconhecida por muitos.
Para a grande maioria das infecções respiratórias simples, como tosse, expectoração, congestão nasal e dor de garganta, a causa é viral e não requer antibióticos, mas sim um tratamento voltado para alívio dos sintomas e algumas medidas preventivas para evitar a sua progressão. Alguns quadros virais podem persistir por 10 a 14 dias, com a tosse a ser um sintoma duradouro e que frequentemente causa mais preocupação. No entanto, a tosse é um mecanismo de defesa que auxilia na eliminação do agente causador da infecção, e os xaropes para tosse têm pouco ou nenhum efeito nesse processo.
Certamente, há situações em que o uso de antibióticos é necessário, e cabe ao médico fazer essa avaliação. Uma reavaliação de quadros víricos persistentes pode ajudar a evitar o uso excessivo e desnecessário de antibióticos, prevenindo o desenvolvimento da resistência bacteriana e das consequências negativas associadas à sua utilização. Frequentemente, instruo os doente ao dizer: “Os antibióticos destroem não apenas as bactérias más, mas também as boas”.
Se não moderarmos o uso de antibióticos, corremos o risco de comprometer a sua eficácia para as futuras gerações, colocando em perigo a capacidade de tratamento dos nossos filhos e netos perante infecções até mesmo simples.
Conheça agora as consequências do (ab)uso de anti-inflamatórios.