Do que se trata?
Varíola dos macacos, também designada de monkeypox, é uma doença vírica, mais concretamente uma zoonose. Zoonoses são infeções transmitidas ao homem através dos animais (daí “zoo”). No entanto, pode ser transmitida entre as pessoas por contacto próximo
O 1º caso foi descoberto em 1970 na República Democrática do Congo em macacos (daí o nome da doença). A varíola dos macacos é menos contagiosa e menos fatal do que a varíola (erradicada em 1980).
Esta varíola vem dos macacos?
Na verdade o nome não dá jus ao que pensamos. A designação tem a palavra macaco porque foi neles que descobriram o vírus, no entanto os roedores parecem ser mais portadores da doença (esquilos, ratos…).
Como se transmite?
Apesar da comunicação social mencionar apenas contacto sexual de homens com homens, este contágio pode acontecer por contacto pele com pele que apresente as lesões com fluido ou pus. Portanto, é discriminatória mencionar que apenas os homossexuais podem ser atingidos. Todos os que contactarem diretamente com infetados podem ser infetados. A via respiratória, embora não do mesmo modo que a COVID-19, também parece ser um meio de transmissão, até porque ao tossir, pode transmitir o vírus que está alojado nas lesões da boca.
Que pessoas tem atingido e onde?
Em Portugal, os infetados têm sido homens e com idade compreendida entre os 20 e os 60 anos.
O tempo de incubação, isto é, o tempo desde que se é infetado até se manifestar a doença, vai de 5 a 21 dias.
No mundo, de 13 de maio a 4 de junho foram identificados cerca de 800 casos em países não endémicos, sendo na verdade grande parte deles no Reino Unido, Espanha e Portugal.
A doença mata?
Até ao momento, dos casos reportados em Portugal, nenhum morreu ou se conheceram complicações. Do que se sabe do passado, os casos poderão ser mais graves em crianças, grávidas e imunodeprimidos (ex: VIH). A mortalidade pode atingir 3 a 6 em 100 casos, mas a variante que tem circulado é a menos fatal (menos de 3 mortes em cada 100 pessoas). A morte resulta muitas vezes de complicações que podem ser infeções bacterianas da pele, pneumonia e encefalite.
Quais os sinais ou sintomas?
Teoricamente começa com febre, dores de cabeça, cansaço, dores musculares e e aumento dos nódulos linfáticos e posteriormente surgem as erupções cutâneas. A doença dura cerca de 2 a 4 semanas e a pessoa considera-se curada quando as crostas caem.
As lesões na pele começam por ser vermelhas e planas, em poucos dias passam a ser mais elevadas passando a ser vesículas (conteúdo líquido) que rapidamente passam a pústulas (conteúdo purulento). São dispersas pelo corpo, mas mais na face, braços e pernas, incluindo as palmas e plantas dos pés.
No entanto, os casos reportados recentemente mostraram algo diferente, já que estas lesões apareceram primeiro ou ao mesmo tempo que os restantes sintomas.
Quando recorrer aos serviço de urgência?
Quando tiver suspeita da doença, isto é, quando surgirem os sinais e sintomas descritos, devem preferir o contacto com o SNS24. O centro de saúde também uma alternativa. Embora a doença seja ligeira e autolimitada (isto é, cura com o tempo), a ida à urgência servirá para confirmar o diagnóstico e obter orientações. Por vezes é necessário o internamento para controlo das dores causadas pelas lesões da pele ou para vigiar possíveis complicações.
Se se confirmar, a pessoa deve manter-se de baixa e isolada de contactos próximos até resolução do problema.
Existe vacina?
A vacina da varíola (já conhecida) também parece ser eficaz contra a varíola dos macacos, no entanto, face ao reduzido número de casos e à doença ser ligeira, de momento ainda não está recomendada e não está disponível. Do que se sabe, estão a vigiar a evolução do surto e a começar as conversações sobre a produção da vacina.
Saiba mais em: https://www.who.int/emergencies/disease-outbreak-news/item/2022-DON390
OIÇA A MINHA ENTREVISTA NA RÁDIO MARCOENSE SOBRE ESTE TEMA (8/6/2022): https://drive.google.com/file/d/1EKIJ2NoSqpJzZO36c6Z9LOmjqVJsjV1q/view?usp=sharing