Esta é uma solicitação comum feita pelos doentes no serviço de urgência ou serviços equivalentes. No entanto, é importante desmistificar a ideia por trás da administração de soro intravenoso.
Composição e utilização do soro
O soro, basicamente, consiste em líquido que contém uma composição iónica compatível com a do nosso sangue. Então, considerando que este é apenas líquido, a sua administração só traz benefícios em casos de desidratação. Ou seja, quando há uma deficiência de líquidos e a sua reposição oral não é viável (exemplo de quem está com vómitos incontroláveis), sendo necessário um tratamento mais célere com administração de medicação intravenosa.
Causas e diagnóstico da desidratação
A desidratação ocorre quando há uma perda significativa de líquidos pelo organismo. Em casos de hemorragias graves, perda de fluidos através da pele (como em queimaduras extensas) ou do trato gastrointestinal (vómitos ou diarreia), por exemplo. O diagnóstico de desidratação é feito pelo médico através da avaliação clínica do doente.
Perceção dos doentes e necessidade real de soro
A perceção dos doentes de que precisam de soro muitas vezes está relacionada ao fato de já terem recebido tratamentos intravenosos em consultas anteriores. Especialmente, quando envolvem medicamentos para o controlo da dor e onde efetivamente melhoraram.
Riscos associados e indicações específicas
É importante compreender que solicitar soro não trará benefícios a menos que haja uma necessidade real de reposição de líquidos, conforme mencionado anteriormente, ou para a administração de medicamentos que exijam diluição em soro.
Ressalvo o facto de, em certas condições, esta administração de soro intravenoso poder ser prejudicial, como é o caso de doentes com sobrecarga de líquidos no organismo (exemplo: insuficiência cardíaca) onde a sua administração pode agravar ainda mais a condição clínica do doente.
Portanto, é fundamental que os doentes entendam que a administração de soro intravenoso não é uma solução universal para todos os problemas de saúde e que seu uso deve ser indicado com base em avaliações médicas criteriosas. A comunicação aberta e honesta entre médico e doente é essencial para garantir o tratamento mais adequado e evitar intervenções desnecessárias.